terça-feira, 25 de julho de 2017

Dia de Santiago - 25/07


 
Oração de Santiago
 
Apóstolo Santiago, 
Escolhido entre os primeiros,
Tu foste o primeiro a beber
No cálice do Senhor, 
E és o grande protetor dos peregrinos;
Faz-nos fortes na fé
E alegre na esperança,
Em nosso caminhar
De peregrino
Seguindo o caminho 
Da vida de Cristo 
E alenta-nos para que 
Finalmente, 
Alcancemos a glória 
De Deus Pai, 

Assim Seja.
 



O que falar desse Santo agregador e semeador de amor e amizade? 
Aquele que nos chama para momentos especiais de interiorização e comunhão com a natureza e conosco?
O que dizer desse homem simples que a tanto amou Jesus e por seu amor e devoção também foi morto?

Momento de agradecer àquele que tanto nos oferece, que nos mostra o caminho do amor, da paz e da gratidão como forma de ser e estar nesse mundo.
Chegar à Santiago de Compostela peregrinando é vivenciar uma fé que eu nunca pensei que pudesse perceber. É honrar a vida e fazer parte dela com total entrega e alegria. Viver toda a magia de peregrinar a caminho de Santiago e ali receber o seu abraço e e seu acolhimento é um dos momentos mais felizes da vida.

Sim, receber o Seu chamado é mágico e especial, fazer parte dessa egrégora de energia milenar, pura e transparente é mágico. Tudo o mais fica pequeno e insignificante diante da grandeza de estar completamente envolvida por ela. santiago é o pai, o irmão, o filho, o amigo que lançamos mão para nos acolher e nos ouvir. Ele é todo amor.

Tive o privilégio de peregrinar por aqueles caminhos por duas vezes, e também poder participar da linda festa em sua homenagem no dia 25/07.

Assista o vídeo dessa festa maravilhosa de 2014, ano em que eu estive lá!
https://www.youtube.com/watch?v=cLifUofsFsE

Toda essa projeção é feita na Catedral, as pessoas chegam no início da noite, colocam uma manta no chão, levam um lanche e ficam aguardando a linda festa que se inicia a meia noite ( do dia 24 para o dia 25/07). No dia 25/07/2014, eu assisti a chegada dos Reis da Espanha para participarem da Missa Oficial na Catedral, foi uma cerimônia muito linda! A cidade toda está em festa, muitas programações acontecem pelas ruas, nas praças.



Eu na chegada

Já li diversas histórias e estudos sobre Santiago ( em espanhol), São Tiago ( em português) Saint Jacques ( em francês), escolhi esta bem simples abaixo. 

Na Bíblia é comumente referido sob o nome de Jacob ou Jacó, termo que passou ao latim como Iacobus e derivou em nomes como Iago, Tiago e Santiago (sanctus Iacobus). Tiago filho de Zebedeu ou Santiago Maior foi um dos primeiros discípulos a derramar o seu sangue e morrer por Jesus. Membro de uma família de pescadores, irmão de João Evangelista -ambos apelidados Boanerges (‘Filhos do Trovão’), pelos seus temperamentos impulsivos- e um dos três discípulos mais próximos de Jesus Cristo, o apóstolo Santiago não apenas esteve presente em dois dos momentos mais importantes da vida do Messias cristão – a transfiguração no monte Tabor e a oração no Jardim das Oliveiras -, senão que também formou parte do restrito grupo que foi testemunha do seu último milagre, a sua aparição já ressuscitado nas margens do mar de Tiberíades. Após a morte de Cristo, Santiago, apaixonado e impetuoso, formou parte do grupo inicial da Igreja primitiva de Jerusalém e, no seu labor evangelizador, adjudicou-se-lhe, segundo as tradições medievais, o território peninsular espanhol, concretamente a região do noroeste, conhecida então como Gallaecia. Algumas teorias apontam que o atual patrono de Espanha chegou às terras do norte pela desabitada costa de Portugal. Outras, no entanto, traçam o seu caminho pelo Vale do Ebro e pela via romana cantábrica e há inclusivamente as que asseguram que Santiago chegou à Península pela atual Cartagena, desde onde prosseguiu a sua viagem até à esquina ocidental do mapa.

Fonte: https://vivecamino.com/pt/peregrinacao/quem-foi-santiago/



Foto da Catedral durante a festa do Apóstolo

ULTREYA!!!
VIVA SANTIAGO!!!!

domingo, 23 de julho de 2017

O Botafumeiro

"Tem um santo Compostela
E o rei dos incensários
Que de nave em nave voa."


VICTOR HUGO. Orientais




Qual o peregrino não ouviu falar do famoso Botafumeiro da Catedral de Santiago de Compostela? 
Todo peregrino sonha em assistir a Missa dos Peregrinos e ser testemunha do grande incensário que a todos emociona.
Porém, nem sempre isso é possível, depende de diversos fatores.
Mas vamos conhecer um pouco da história do Botafumeiro?
O Botafumeiro é um dos símbolos mais famosos e populares da catedral de Santiago de Compostela.É um incensário de grandes dimensões, pesa 53 kg e mede 1,50 mt, está suspenso a uma altura de 20 metros e pode alcançar 68 km/h. Ele se move na cúpula da Catedral até as naves laterias. Oito homens são necessários para movimentá-lo, são mais conhecidos como "tiraboleiros". 
O Botafumeiro é utilizado por motivos litúrgicos, da mesma forma que qualquer sacerdote utilizaria um incensário no altar, e funciona nas principais solenidades na Catedral.
Esse grande incensário simboliza a verdadeira atitude daquele que crê. Assim como a fumaça do incenso sobe mais alto dentro da Catedral, assim também as orações dos peregrinos devem alcançar o coração de Deus. Também, o aroma do incenso perfuma toda a Basílica compostelana, da mesma maneira, o cristão com as suas virtudes e seu testemunho de vida deve impregnar do bem os ensinamentos de Cristo na sociedade e na sua comunidade.
A primeira referência documental que se tem do Botafumeiro, é uma anotação numa página do Códex Calixtino, onde se lê " Turibulum Magnum", do séc XIV.No decorrer da história, tiveram vários Botafumeiros. Atualmente existem 2 exemplares, um deles em latão que data de 1851, obra de José Losada, que substituiu o que foi furtado durante a ocupação francesa das tropas napoleônicas, e é utilizado atualmente.



Botafumeiro que está na Biblioteca
O segundo Botafumeiro, é uma réplica em prata e foi presenteado ao Apóstolo pelos "Alféreces Provisionales" em 1971, e fica guardado na Biblioteca Capitular.
Oficialmente é utilizado nas seguintes solenidades:
- Epifânia do Senhor - 06 de janeiro
- Domingo da Ressurreição
- A Ascensão do Senhor
- Aparição do Apóstolo - Clavijo - 23 de maio
- Pentecostes
- O martírio de Santiago - 25 de Julho
- Ascensão de Maria - 15 de agosto
- Todos os Santos - 01 de novembro
- Cristo Rei
- Natal - 25 de dezembro
- Traslado dos restos mortais do Apóstolo - 30 de dezembro
Também pode ocorrer em razão de peregrinações que o solicitam a Catedral, que pode ser feito através de uma reserva no site: botafumeiro@catedraldesantiago.es

Fonte: http://www.catedraldesantiago.es/es/node/315
Tradução livre
Somente quem teve a oportunidade de presenciar uma Missa dos Peregrinos com o Botafumeiro pode dizer a emoção que toca o coração. É uma ligação mais que direta, é algo mágico. Desperta a curiosidade, a fascinação e a adoração.

Esse vídeo é divulgado pela Catedral de Santiago de Compostela
https://www.youtube.com/watch?v=MxhxCBnZRw4
Sinta essa emoção e participe da Missa dos Peregrinos, quem sabe a sua sorte não será assistir o Botafumeiro?

ULTREYA!


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sábado, 1 de julho de 2017

O companheiro cajado (atualizado)

"Companheiro de subidas, descidas, do choro e do sorriso, das lamentações e das bençãos. Inseparável, inestimável, incansável. 
Suporte, apoio, melodia e ritmo, amigo, confidente, forte e paciente. 
Guia, consolo, amparo, segurança, bondade e misericórdia. 
Gratidão!"
Célia Maciel


Maior símbolo e companheiro do peregrino, também chamado de bastão, é objeto de diversas homenagens, poesias, textos e até título de diversos livros. Sua importância vai desde a única companhia e "ombro" amigo, especialmente para os peregrinos solitários, até instrumento de defesa, útil para a limpeza das botas, muito utilizado para os exercícios e alongamentos e claro, apoio para equilíbrio na caminhada especialmente nas subidas e descidas.


Amparo até para tirar foto!

O cajado também permite ao peregrino verificar a profundidade do terrenos se este estiver com água ou lama e até saltar obstáculos, buracos, fio de água ou degraus.
Dizem que os primeiros peregrinos utilizavam o cajado como instrumento de defesa de animais ou até de pessoas com más intenções.
Com a tecnologia atual, o cajado também pode ser substituído pelo stick, muito utilizado nos esportes na neve, algumas pessoas se adaptam melhor a eles e muitas vezes utilizam 2, um em cada mão.

Definição segundo a Wikpedia:
  
Um cajado é uma vara de pastor, caracteristicamente tendo a extremidade superior recurvada em forma de gancho ou semicírculo. Ele é usado para tocar nas patas das ovelhas de leve para que elas retornem ao seu caminho não se desviando do caminho. Em algumas ocasiões, o cajado podia ser utilizado como arma. A ovelha conhecia o Pastor pelo cheiro do cajado que se apegava a sua mão, sendo assim, ela conhecia o Pastor e o seu cajado.
O cajado tem duas funções principais:Quando segurado pelo lado da curva, serve de vara para corrigir ou castigar as ovelhas que se desviam, e segurando-o pelo lado reto serve para socorrer a ovelha caída em buracos ou precipício, puxando-a pela curva do cajado.



Cajado tradicional


No decorrer da caminhada percebemos que o bater do cajado no chão adquire um ritmo que se torna importante motivação na caminhada. Geralmente a cada 4 passos toca-se o cajado no solo. Esse ritmo é uma verdadeira música que toma conta de nosso inconsciente e torna-se parte de cada um de nós.
Quando retornamos do Caminho da Fé, a Lia nos confidenciou que sentiu muita falta do ruído do cajado no solo.
Na Caminhada em Louvor a São José, eu e a Dani combinamos de não levar o cajado, resultado: arrependimento total! Ele nos fez muita falta! Foram 25KM com algumas subidas e descidas que poderiam ter sido aliviadas com o querido cajado. Sim, estudos dizem que 1 cajado alivia 30% dos esforço dos joelhos.
Nosso amigo Irineu peregrinou a maior parte de seu caminho sozinho, e chegou a nos relatar que ao derrubar seu cajado no chão, pediu-lhe desculpas, como que tivesse derrubado um querido amigo. Sim, o cajado já fazia parte dele, era a continuação de seus braços, parte integrante de seu corpo, tornaram-se um só.
Esta é a razão para o grande apego que o peregrino tem ao seu cajado, tratando-o com amor e carinho. Este pode ser exclusivo, cabendo a cada pessoa personalizá-lo da forma que quiser ou então confeccionar seu próprio cajado com um galho de árvore bastante resistente. Nos diversos caminhos de peregrinação existem pessoas que confeccionam cajados geralmente de bambu e oferecem aos peregrinos por preços módicos ou até sem cobrar nada.

Para quem efetua a peregrinação a Santiago de Compostela pelo Caminho Francês, em Azqueta (Navarra), Pablito oferece cajados feitos de madeira de avelã gratuitamente, ou troca o seu por um outro adequado a sua altura, bem como ensina a melhor maneira da sua utilização.




Irineu e Daniele com seus cajados


Um bom cajado deve ser leve e resistente e ter um comprimento máximo da altura de quem for utilizá-lo.
Eu me adaptei ao stick, que é muito leve, resistente e telescópio, oferece um apoio importante e consigo alternar os braços, o que é recomendado, ele possui um sistema “anti-shock”, que proporciona conforto em situações inóspitas, onde os impactos tornam-se inevitáveis, possui ponteira de alta resistência e um disco circular protetor para impedir a sua penetração em areia ou neve. Eu utilizei o cajado da Dani em algumas situações, para mim o cajado de bambu ou madeira é muito pesado.



Esse é um monumento ao cajado em Sahagún



Como tudo tem uma regra para facilitar e racionalizar a utilização, o cajado também possui algumas.

      1. Mantenha o braço e o antebraço num ângulo de 90 graus;
      2. Pouse simplesmente o cajado no solo não batendo o mesmo como a querer marcar compasso;
     3. No caso da utilização de apenas um cajado, alterne as mãos, mais ou menos a cada meia hora, assim, pode facilitar o equilíbrio, a distribuição do peso e evita o vício de postura;
    4. O cajado deve acompanhar a passada da perna oposta à mão que a segura (isso você vai perceber automaticamente);
      5. O pulso deve movimentar o cajado quando o terreno for plano.
      6. A utilização de luvas especiais pode auxiliar a evitar machucados nas mãos.


Stiks ao vento!!!

Na pousada de Águas da Prata nós ganhamos fitas coloridas (iguais a do Senhor do Bonfim), e imediatamente enfeitamos nossos cajados, e sticks, ficaram lindos! Eu também coloquei uma bandana no meu cajado que foi muito útil para proteger minhas mãos pois com o tempo elas ficam sensíveis e podem surgir bolhas.




Daniele e Lia utilizando o cajado para fazerem os alongamentos




O cajado é um "elemento muito forte e consistente", nas palavras de Cristo, na Bíblia. Na época os pastores e seu ofício eram relatados como símbolo de trabalho, paciência, humildade. Existem vários trechos na Bíblia onde o cajado é citado. Depois de algumas pesquisas, achei bastante interessante o trecho do Salmo 23, sobre o Pastor e seu Cajado, e remete ao nosso ofício de caminhar.
Transcrevo aqui um trecho:

O Salmo 23 ensina-nos que a presença do Pastor com seu cajado e vara amorosa nos trás muitos benefícios: 
1.Para a nossa solidão, ele oferece companheirismo; "Tu estás comigo".
2.Para o nosso cansaço, refrigério; "Tu me guia e refrigera a alma".
3.Para o nosso erro, a correção; "Tua vara e cajado me consola e encoraja".
4.Para o nosso terror, plena segurança; "Ao teu lado não a Medo".
5.Para as nossas necessidades; alimento, coragem e ânimo; "Tu és meu Anfitrião".
6.Para o nosso senso de transitoriedade, uma garantia de um eterno lar; "Tu me faz habitar na Tua Casa eternamente".
7.Para as nossas debilidades: "Tua bondade e misericórdia".




Os tradicionais a venda em algum lugar do caminho



Mochila e cajado, inseparáveis!

Ultreya!